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Os Huni Kuins

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O povo Huni Kuin habita a fronteira brasileira-peruana da Amazônia. Em território brasileiro, as aldeias estão localizadas no estado do Acre, perto do município de Jordão, e se espalham pelos rios Taruacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus.

De acordo com dados do Siasi/Sesai 2014, a população ultrapassa os 10 mil indivíduos, e é a mais numerosa do Acre: corresponde a 43% do total de indígenas do estado.

Huni Kuin significa “povo verdadeiro” ou “povo da fumaça” em Hatxa Kuin, a “língua verdadeira”, derivada do tronco linguístico Pano. Os Huni Kuin também são conhecidos por Kaxinawá, nome que ganharam de outros povos.

Os povos indígenas brasileiros sofreram uma onda de extermínio já no primeiro contato com os colonizadores, após o “tal descobrimento” do Brasil. Posteriormente, com a chegada dos seringueiros no final do século XIX, muitos Huni Kuin resolveram avançar para áreas mais isoladas da floresta, numa tentativa de fugir da escravização.

Os que acabaram se rendendo ao domínio dos seringueiros afastaram-se um pouco da cultura indígena tradicional – fato que até hoje tenta ser revertido pelas demais gerações. Este resgate esbarrou em dificuldades como a escassez de pessoas que tenham vivido uma vida tipicamente aldeada, presenciando os rituais, cantos, danças, artesanato, pintura corporal e todas as demais tradições que fazem parte desta cultura.

Na visão Huni Kuin, o espírito (Yuxin) não é considerado externo ao ser – o espiritual está na vida diária, nos animais, na terra, na água, no céu. Para eles, as pessoas são formadas por corpo e Yuxin, assim como as plantas e os animais.

Dentre os rituais mais tradicionais celebrados pelos Huni Kuin estão o Nixpu Pimá (ritual de batismo) e o Katxanawá (ritual da fertilidade da terra).

A comunidade Huni Kuin possui papéis de gênero bem definidos. Desde cedo as crianças são ensinadas a realizar as tarefas que lhes correspondem, e quando adultos continuarão a se juntar a um grupo de homens ou de mulheres para a maior parte das atividades diárias.

Os Huni Kuin, tradicionalmente, formam casamentos entre parentes, normalmente entre primos. A chegada do primeiro filho é considerada o momento em que a adolescente torna-se mulher.

As mulheres são responsáveis pelos cuidados com a casa, com as crianças e pelo preparo da comida, que inclui mingaus feitos de banana, pratos à base de mandioca, amendoim e milho. Outras atividades femininas envolvem fiar e tecer o algodão, fabricar cestos e esteiras. Os homens têm a tarefa de cuidar do roçado, de pescar e de sair à caça.

A etnia Huni Kuin é formada por verdadeiros botânicos: trabalham com espécies vegetais medicinais integradas ao ambiente da floresta.

Os desenhos típicos Huni Kuin respeitam uma geometria sagrada ensinada pela Yube (Jiboia) e são chamados de kenês. Mais do que decoração, simbolizam cura e proteção e aparecem nos corpos, nas cerâmicas, na tecelagem e em adereços.

Em 2011, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em conjunto com a Dante Editora, publicou o livro Una Isi Kayawa – Livro da Cura do povo Huni Kui do Rio Jordão – Acre. Este foi um trabalho do renomado biólogo Alexandre Quinet ao lado do pajé Agostinho, e o livro apresenta lendas, receitas e muita história boa dos povos ancestrais que, até então, só haviam sido passadas por conversas.

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